Riscos amarelos
O vento joga as folhas secas com força no concreto, como se quisesse arrancar o desejo do rodopio. A caminhada fria termina nos olhos riscados de amarelo. Ninguém sabe de onde veio aquela gente. A pele se mistura na busca do cheiro. Não há mãos, braços ou pernas. Há o som das folhas, agora mais forte. A vozes ficam sem sentido quando o ciclone chega perto. A rua não é mais rua, é casa quente. O tempo se cala, não há registro. As folhas desistem do passeio pelo vento, nós não.
Fè Coelho
Enviado por Fè Coelho em 28/12/2024